As minhas Leituras de Luigi Giussani
Apresentação do Livro do Mês
As Minhas Leituras
de Luigi Giussani
16 de abril 2020
Com Davide Rondoni, poeta, escritor e dramaturgo italiano, autor de vários
prefácios de livros de don Giussani
Mª Rosário Lupi Bello (MRLB)
O que nos traz a todos aqui hoje é a vontade de sermos ajudados à leitura do livro do
mês As Minhas Leituras, que é um livro muito particular sobre o valor da leitura, no
qual encontramos o elenco dos autores preferidos por don Luigi Giussani. Aprender
a compreendê-los, a lê-los melhor, é uma forma de nos identificarmos com o olhar,
com a sensibilidade e com o coração de don Giussani. Convidámos o nosso amigo
Davide Rondoni, que é poeta, escritor, dramaturgo, tradutor, e que prefaciou alguns
livros de Giussani e de outros grandes autores; conheceu pessoalmente don Giussani
e conversou com ele sobre literatura, a vida, a arte. Sendo poeta, Davide Rondoni é
um homem que trabalha com as palavras, e que pode, por isso, ajudar-nos a penetrar
no valor que as palavras tinham para don Giussani, um valor que, mais do que literário
em sentido estrito, era poético - como ele nos irá explicar. Agradecemos-lhe muito a
sua presença, que é um gesto de amizade para connosco.
A educação que recebemos do carisma de don Giussani está cheia de referências a
autores literários e a outros artistas. De onde vinha, para Giussani, este interesse
"estético" pela literatura, a arte, a poesia? Trata-se de um método educativo, ou de
algo mais profundo?
Davide Rondoni
Da parte de Giussani não é tanto o interesse estético nem o amor à literatura. Ou
melhor, o interesse estético e o amor à literatura vêm porque ele encontrou estas vozes
destes autores. Ou seja, encontrou a voz de homens que fizeram crescer a sua
humanidade. A vida é um risco, e quando se arrisca é preciso confiar-se aos autores.
Giussani fala muitas vezes também de Dante. A Divina Comédia começa com um
homem que está perdido na selva. Porque a vida é uma selva, não é um lugar claro.
Dante conta que enquanto está na selva vê uma figura não muito clara, não muito
precisa, mas em que ele acaba por reconhecer Virgílio, um grande autor. E então, para
a sua viagem na selva, confia-se a Virgílio. Na vida, podemos errar em muitas coisas.
Podemos errar no nosso dinheiro, às vezes até podemos perder o rosto, mas não
podemos enganar-nos nos autores, até porque os autores ou os escolhes ou são-te
impostos pelo poder. E don Giussani fez um gesto de generosidade, disse: “estes são
os autores que me fizeram crescer. Desafio a vossa humanidade a confrontar-se com
eles”. Neste sentido, é uma partilha de don Giussani que faz parte de um método
educativo, porque sem autores não há educação.